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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Amor

Forte e seco

A ausência de uma trilha sonora e a sequência de planos parados dão realismo ao drama "Amor", dirigido por Michael Haneke. É um drama forte que aborda a questão do envelhecimento, e de como ele e o aparecimento de uma doença podem afetar uma relação.

Imagem de cena do filme "Amor"

No longa, Anne (Emmanuelle Riva) e Georges (Jean-Louis Trintignant) são um casal de octogenários que vivem uma bela relação. Ambos são professores de música e vivem suas vidas juntos, com trabalho e independência. A vida dos dois muda então drasticamente, já que Anne sofre um derrame e vai se tornando cada vez mais debilitada e dependente de seu marido Georges. 
Os planos sequência (planos de longa duração) dão a impressão de que tomam a maior parte do filme, sendo esse um diferencial dos filmes do diretor Michael Haneke, segundo alguns. Essa aparente baixa fluidez pode causar um certo cansaço para os mal acostumados, mas também pode acabar revelando seu enorme diferencial: o realismo. Os mesmos planos sequência dão a sensação de estarmos vendo um quadro, dando liberdade ao espectador de verdadeiramente sentir e analisar os cenários. 
A atuação de Emmanuelle Riva é outro diferencial, representando a tristeza e frustração de alguém que viveu sua vida sempre independente e teve de lidar inesperadamente com a debilidade de uma doença.
"Amor" é um filme forte e, na minha opinião, pesado. Ao contrário do que seu título possa sugerir, "Amor" é um filme seco, com 15 minutos finais que fazem o espectador refletir acerca dos limites do sofrimento. Requer sensibilidade e nos imobiliza pelo final surpreendente. Um drama digno de reflexões, que vale a pena ao cinéfilo conferir.